Unicórnios: do mito à metáfora
- Francisca Teodósio
- 18 de mai. de 2022
- 3 min de leitura
Os unicórnios não são reais, mas o significado da palavra ganhou uma nova realidade.
“Um unicórnio é uma criatura mitológica, representada sob a forma de um cavalo, normalmente branco, com um grande chifre em espiral no centro da cabeça.”
Acredito que seja mais ou menos esta a imagem que vos vem à cabeça quando ouvem falar de unicórnios, e, até então, também era a minha. No entanto, neste artigo, vou mostrar-vos o porquê de essa já não ser a única associação que faço a unicórnios.
A verdade é que os unicórnios não existem, mas, por não passarem de um mito, representam algo distinguível e único, e quantos de nós não conhecem não conhecem inúmeras coisas (reais) raras ou inconfundíveis? Esses são os unicórnios do mundo real, os que se encontram para lá dos livros, mitos e lendas.
Através da linguagem, transformámos o mito do unicórnio numa metáfora singular para descrever algo tão raro, ou até fantasiado, que não parece real.
Os “chifres únicos” do mundo empresarial
No entanto, apesar de não encontrarmos por aí cavalos brancos, com asas e um chifre na cabeça, encontramos, por exemplo, muitas empresas que têm o seu “chifre único”, e que, por isso, se destacam das demais empresas do seu setor.
Os unicórnios são raros, criar uma empresa que se torne um unicórnio é tão raro quanto isso. No mundo empresarial existe mesmo o conceito de “unicórnio”, que remete para empresas que alcançaram o valor de mercado de um mil milhão de dólares – temos os unicorns, como o Pinterest e o BuzzFeed; os decacorns, como o Spotify, a Netflix e a Uber; e os hectocorns, como a Google e a Microsoft.
Os unicórnios que se tornaram “populares”
O Pinterest, o Spotify, a Netflix e a Uber são algumas das empresas mais inovadoras que conheço, especialmente no contexto em que surgiram. Eis o porquê:
O Pinterest é conhecido por muitos como a “rede social saudável”, por não haver legendas, a falsa informação que a elas possa estar associada, fake news – ou seja, a “toxicidade” característica das redes sociais. No Pinterest, limitamo-nos a ver imagens que poderiam constituir o “moodboard da nossa vida”, com coisas de que gostamos, outras que nos inspiram, há de tudo, até receitas ou DIYs. A vantagem desta plataforma em relação às outras é que no feed, só irá aparecer aquilo que escolhemos que apareça, através do algoritmo utilizado (e muito particular); apesar de nas restantes redes sociais escolhermos quem seguimos, isso não garante que não sejamos “manipulados” pelo mundo fantástico do social.
Spotify
Já o Spotify surgiu de forma a combater a pirataria online, no caso, de músicas, criando um “serviço” freemium que se sobrepusesse às músicas pirateadas, ao mesmo tempo que recompensava a indústria musical, pagando às editoras e aos respetivos artistas. Além disso, o Spotify não se deixou ficar pela ideia inicial, procurando inovar constantemente, e, para isso, disponibiliza o Spotify Wrapped, anualmente, e mixes diários customizados exclusivamente para cada utilizador, a oportunidade de fazer playlists conjuntas com amigos, entre muitas outras dinâmicas, que o destacam das plataformas concorrentes.
Netflix
A própria ideia inicial da Netflix, antes de se tornar no que é hoje, era por si só inovadora, mas, aquilo em que culminou mais tarde, tornou-a irrefutavelmente num unicórnio. Inicialmente, a Netflix funcionava como uma plataforma de aluguer de filmes, por subscrição, que entregava DVDs ao domicílio. Mais tarde, vieram a perceber, com o desenvolvimento da tecnologia e aposta no digital, que seria muito mais benéfico apostar no streaming, permitindo o acesso a múltiplos filmes e séries a qualquer momento e de uma só vez.
Uber
Quando pensamos em usar um serviço de táxi, já pensamos imediatamente em “chamar um Uber” – isso torna evidente o porquê de a Uber ser uma empresa unicórnio. A ideia de poder chamar um “táxi”, através de uma aplicação, a qualquer momento e onde quer que estejamos, é revolucionária (para mim, que não tenho carro, principalmente). Ainda assim, a Uber não se ficou pelo transporte de passageiros e quis ir mais além, transportando também comida entregue ao domicílio, com a Uber Eats – outra das aplicações sem a qual eu e a minha carência de dotes culinários não conseguiriam viver).
A magia dos “unicórnios” é esta, isto é, como é que uma ideia de uma start-up – e muitas dessas ideias que agora parecem tão banais – pode revolucionar o mercado, tornando-se numa empresa sem a qual já não conseguimos viver, ou até imaginar um momento no tempo em que esta não existia ainda. Afinal os unicórnios existem mesmo, e saem dos contos para vir a fazer parte do nosso dia a dia. Eles estão por aí, por isso…
Mantenham os olhos abertos. Até para a semana!
Francisca
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